Painel eletrônico mostrando gráficos financeiros complexos com indicadores de tendência em ambiente de trading algorítmico

Niels Kaastrup-Larsen e Moritz Seibert são figuras conhecidas quando o assunto é investimento sistemático. Semanalmente, eles abrem o jogo sobre estratégias, riscos e nuances do universo do trend following. No episódio mais recente, com aquele toque descontraído típico de quem entende muito, eles vão além da teoria e compartilham reflexões sobre performance de fundos, escolhas de portfólio, mercados de carbono, riscos e até detalhes sobre as taxas cobradas por diferentes tipos de fundos. É uma conversa que mistura técnica, experiência e, claro, um pouco de cotidiano.

Um começo descontraído e esportivo

Antes de entrarem nas discussões profundas sobre o mercado, Niels e Moritz trocam ideias sobre esportes. Moritz, fã de tênis, não esconde o entusiasmo pelo US Open, destacando o quanto a competição está ficando mais rápida e técnica, tanto no masculino quanto no feminino. Já Niels traz o ciclismo para a roda. Comenta, animado, a surpreendente performance de um ciclista dinamarquês na Vuelta a España, provocando sorrisos e algumas piadas sobre resistência e estratégia.

Apresentadores conversando sobre esportes durante um café

A subida dos juros e preocupação com a dívida

Logo em seguida, eles vão direto ao ponto: os rendimentos dos títulos de 30 anos do Reino Unido estão nos níveis mais altos em 27 anos. O cenário gera um desconforto palpável, especialmente diante das dívidas crescentes de grandes países como Reino Unido, Alemanha e Japão. A discussão mostra que mesmo os mercados considerados seguros enfrentam questionamentos sérios sobre sustentabilidade fiscal. E, claro, essa instabilidade acaba influenciando todas as decisões envolvendo diversificação e posicionamento em mercados internacionais. Não é à toa que especialistas e veículos, como a Folha de S.Paulo, sugerem olhar para fora como alternativa para diluir riscos.

O desempenho dos mercados em 2024: commodities brilham, moedas decepcionam

Mudando para o trend following, Niels e Moritz observam que este ano tem sido generoso para quem opera commodities. Carne bovina, carne suína, café, ouro, prata, platina e cacau estão entre os destaques positivos. No entanto, o cenário mudou para moedas, ações e renda fixa devido a movimentos inesperados que liquidaram posições vencedoras logo no começo de 2024.

Mercado nem sempre segue roteiro. Variação repentina pode virar o jogo.

A forma como cada setor se comporta reforça a necessidade de não depender de poucos mercados. Aliás, essa busca por verdadeira diversidade pauta grande parte da filosofia desses gestores.

Diversificação: mais do que espalhar investimentos

Para Moritz e Niels, diversificar vai bem além de investir em vários ativos. O segredo é escolher mercados diferentes, de vários países, que não se mexam todos juntos. Por isso, buscam incluir ativos como carbono europeu e californiano, produtos agrícolas chineses, canola, madeira e até grãos da África do Sul. Quanto mais mercados exibirem movimentos independentes, melhor.

Esse conceito de “diversidade verdadeira” é destacado em estudos como os da Revista de Administração da USP, apontando que a diversificação adequada reduz a volatilidade e melhora o desempenho dos investimentos ao longo do tempo.

  • Carbono europeu, britânico e californiano
  • Agrícolas asiáticos
  • Metais negociados em diferentes bolsas
  • Commodities menos conhecidas (como canola e madeira)

Mas aqui há um ponto curioso: preferem manter o fundo em torno de US$ 500 milhões. É estratégico. Assim, conseguem operar mercados menos líquidos sem causar distorções. Não é só tamanho, mas estratégia de sobrevivência.

Mercados de carbono: oportunidades e particularidades

Niels e Moritz também explicam que optam pelos mercados de carbono mais líquidos quando disponíveis, como EUA e Reino Unido, via negociações eletrônicas. Já o mercado californiano, por ser menos acessível, precisa de brokers especializados. O detalhe ético é marcante: eles não entram em estratégias de “impacto ambiental”, como compra e retirada definitiva de créditos, pois se veem e atuam como gestores sistemáticos, e não fundos de impacto social.

Essa preocupação com liquidez e objetividade operacional reitera a lógica do Invista Já, que defende a clareza na execução das estratégias e o uso de robôs investidores para garantir precisão e eficiência no algotrading.

A importância de negociar o mesmo ativo em praças diferentes

Pode parecer estranho negociar, por exemplo, cobre na Bolsa de Londres e também na de Chicago. Mas há um motivo forte: tarifas e regulações distintas podem fazer o preço desses mesmos ativos se comportarem de maneira independente em certos momentos. Isso significa, em última análise, mais diversidade para o portfólio e mais proteção para o investidor em cenários de choque.

Essa abordagem encontra respaldo em artigos do portal E-Investidor, onde se destaca que a diversificação entre países e ativos pode ser considerada quase um “Santo Graal” para equilibrar desempenho e risco.

Simplicidade no sistema: por que menos é mais?

No debate sobre design do sistema de trend following, ambos se mostram defensores da simplicidade. Preferem indicadores tipo “rompimento de máximas históricas”, como por exemplo: preço de hoje maior do que preço de 200 dias atrás. Assim, evitam médias móveis e derivadas sempre que podem. O motivo? Acreditam que o simples aguenta períodos difíceis e resiste melhor ao chamado overfitting. Ok, reconhecem que médias móveis funcionam, mas sabem que sistemas muito complexos podem engessar decisões ou sofrer demais quando o mercado muda rápido.

Para eles, a prioridade na montagem de um sistema fica assim:

  1. Quantidade e variedade de mercados
  2. Corte rigoroso das perdas
  3. Dimensionamento inicial das posições
  4. Sinal de entrada
Cortar perdas, deixar lucros rolarem. Eis o segredo.

Mesmo que 70% das operações terminem negativas, cortar rápido o que não deu certo e respeitar tendências ganhadoras faz o resultado ser positivo ao longo dos anos.

Dimensionamento dinâmico da posição: ajustar ou não?

E quando se trata de dimensionar as posições? Eles explicam dois métodos:

  • Reajustar posição conforme a volatilidade ou risco
  • Fixar as posições até o fim da tendência

No fim das contas, a decisão depende da filosofia do fundo. Reajustar muito pode suavizar drawdowns, mas, ao mesmo tempo, faz o investidor perder parte do potencial das grandes tendências. Por outro lado, manter posições estáticas aumenta a exposição, o que pode assustar em momentos de crise.

Eles provocam: em eventos extremos, fundos mais diversificados podem até perder mais em números absolutos, já que têm mais apostas ao mesmo tempo.

Carteira de ativos diversificados em diferentes regiões

Diversidade de estilos e o debate sobre taxas

Niels e Moritz reforçam que, para quem quer garantir resiliência, misturar diferentes gestores e estilos é recomendável. Não existe receita pronta, nem sequer consenso absoluto. O ideal é buscar diversidade verdadeira, como destacam os especialistas do blog De Grão em Grão, mesmo em tempos de juros elevados.

Surgem críticas à prática de cobrar taxas fixas altas sem alinhamento com performance. Na visão da dupla, a taxa de administração sobre patrimônio pode, algumas vezes, desalinha interesses e incentiva captação pura. Eles defendem apenas taxas sobre performance, argumentando que assim o foco permanece na rentabilidade do investidor.

O estudo sobre o “alternativo mais valioso”

Por fim, eles trazem um resumo de um paper que compara 14 estratégias hedge nos últimos 25 anos, incluindo diversas crises desde 2000. O resultado? Trend following se destaca na relação drawdown/volatilidade, além de exibir convexidade positiva e boa descorrelação em períodos críticos. O dado curioso é notar como os fundos do tipo foram ficando menos voláteis: de 20-25% para por volta de 5% ao ano. A principal razão parece ser a institucionalização e preferências dos investidores institucionais por menos volatilidade. O problema é que, nesse processo, as taxas fixas nem sempre recuaram no mesmo ritmo.

Esse movimento aparece em vários artigos do Estadão, que mostra que, em cenários de incerteza, a diversificação continua sendo um antídoto popular contra perdas inesperadas.

Conclusão

No universo do trend following, diversidade e clareza de processo são valores acima de modismos. Cada investidor deve buscar entender as características de cada estratégia, equilibrar diversidade de mercados com diferentes estilos e manter expectativas realistas. O histórico não garante o futuro, mas uma boa preparação aumenta as chances de resultados robustos.Se você quer se aprofundar mais e usar a tecnologia a seu favor, conheça o Invista Já, aqui o algotrading e a inteligência de portfólio caminham juntos para ajudar você na busca por performance consistente e menos dependência de decisões emocionais.

Perguntas frequentes

O que é trend following?

Trend following é uma estratégia sistemática de investimento que busca identificar e seguir tendências de preço, aproveitando movimentos significativos e sustentados, seja de alta ou de baixa. O objetivo é capturar ganhos ao entrar em ativos quando a tendência se confirma e sair quando ela se desfaz.

Como funciona a diversificação nesse método?

A diversificação no trend following ocorre ao se operar diferentes ativos, mercados e regiões do mundo, que tenham baixo grau de correlação entre si. A ideia é não depender de poucos setores, reduzindo riscos e tornando o portfólio mais resiliente a eventos inesperados, como apontam estudos da Revista de Administração da USP.

Quais os riscos do trend following?

O principal risco do trend following é o chamado "drawdown", ou seja, períodos de perdas que acontecem quando o mercado entra em lateralidade ou muda de direção abruptamente. Também existe o risco de perdas rápidas caso não haja disciplina para cortar operações negativas. Por isso, o controle de risco e a gestão de perdas são pilares desse método.

Vale a pena investir em trend following?

Depende do perfil do investidor. Trend following pode oferecer bons resultados no longo prazo, especialmente por ser descorrelacionado de outros ativos tradicionais e por se adaptar a diferentes cenários. Porém, é fundamental conhecer bem a estratégia, diversificar o portfólio e entender que resultados passados não garantem retornos futuros. O Invista Já oferece soluções para quem busca aliar algoritmos e disciplina sistemática nesse universo.

Quais são os melhores ativos para trend following?

Os melhores ativos para trend following são aqueles com liquidez suficiente e potencial para movimentos claros de tendência. Commodities como café, ouro, prata e carnes, além de moedas, índices e títulos de diversas regiões, frequentemente oferecem boas oportunidades. Operar o mesmo ativo em diferentes bolsas e incluir mercados de carbono ou agrícolas internacionais amplia ainda mais as possibilidades de diversificação e proteção.

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Flavio Araújo

Sobre o Autor

Flavio Araújo

Com mais de 10 anos de experiência no Mercado Financeiro e 6 anos de especialização em algotrading, uno minha formação em Engenharia e MBA em Mercado de Capitais para cumprir um objetivo claro: democratizar o acesso à matemática e tecnologia de ponta para traders brasileiros. Interessado em levar suas operações para o próximo nível? Entre em contato pelo WhatsApp para conversarmos.

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