Nos últimos meses, investidores vivem um cenário de dúvidas. Tarifas sobre importações aumentaram de forma significativa, especialmente nos Estados Unidos, e isso tem consequências que vão além do comércio. O setor de construção, mesmo representando só 3% a 4% do PIB americano, carrega um peso enorme no emprego, principalmente nas regiões do sul do país, como Flórida, Arizona, Nevada e Texas. Nessas regiões, a dependência de mão de obra, muitas vezes imigrante, inclusive ilegal, é marcante.
Veja só: as tarifas criam insegurança para empreendedores. Com receio de não conseguirem materiais da China, muitos adiam ou cancelam projetos. Tubos, fios elétricos, isolantes, itens que parecem simples, de repente viram barreiras. O resultado? Obras atrasam, margens diminuem, empregos ficam em risco.
Uma incerteza leva à outra
De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, o impacto das tarifas de 50% impostas pelos EUA sobre produtos do Brasil pode gerar efeitos negativos no PIB, além de comprometer o desempenho do setor de construção civil, que precisa do crescimento econômico para continuar avançando segundo a CBIC.
Como tarifas mudam o setor de construção e o consumo
Não é só o Brasil que sofre. Nos Estados Unidos, entidades como a National Association of Home Builders alertam para o aumento dos custos de materiais essenciais, como madeira e gesso, por conta das tarifas sobre produtos do Canadá e México. Isso dificulta até a acessibilidade à moradia de acordo com a NAHB.
Segundo análises recentes, as tarifas sobre importações desses países podem adicionar entre 7.500 e 10.000 dólares ao custo de construção de uma casa nos EUA. Para completar, políticas de imigração mais rígidas reduzem a oferta de mão de obra, puxando custos para cima conforme especialistas.
Existe um efeito dominó: projetos ficam mais caros e atrasam, imóveis encarecem e, no fim, o consumidor sente no bolso. Já são 46 meses de inflação acima da meta americana de 2%. Quem tem menos renda sente o aperto. Só que, entre os mais ricos, o consumo continua forte, sustentado pela alta nos preços de imóveis, ações e criptoativos, mesmo sem o mesmo fôlego de antes.
As tarifas se mantêm estáveis entre 15% e 20% para Canadá e México. Já a China é um caso extremo, com impostos subindo para 50%, sendo 20% relacionados ao combate ao fentanil. O curioso é que há espaço político para reduzir essas tarifas, principalmente se o governo americano quiser buscar avanços diplomáticos mostrando progresso nessa área delicada.
A força dos preços de energia
Mesmo com pressão inflacionária causada pelas tarifas, a inflação mais teimosa costuma vir de outros lugares. Os preços de energia e do mercado de trabalho são componentes centrais. Agora, a energia está relativamente barata. Mas há um ponto que preocupa: nos últimos dez anos, o investimento em aumentar a oferta mundial de carbono diminuiu demais.
- Se Índia e África crescerem rápido, o mundo pode voltar a ver preços da energia subindo.
- A China, maior importadora global, está investindo pesadamente em geração própria de eletricidade.
- Já produz o dobro de eletricidade dos EUA e se tornou o maior exportador mundial de carros.
O detalhe é que cerca de 80% a 85% dos carros chineses exportados usam combustíveis fósseis, principalmente para países em desenvolvimento. Isso pode pressionar a demanda global por gasolina.
Energia barata hoje pode ser só ilusão passageira
Se houver, digamos, um choque de oferta energética, a inflação volta a preocupar. E isso mexe com bancos centrais globais, que já tendem a afrouxar as condições de política monetária diante de dados mais fracos.
Cortes de juros americanos: realidade ou expectativa?
O mercado já se prepara para um corte de juros pelo Federal Reserve em setembro. A aposta quase certa é por uma redução de ao menos 25 pontos-base, podendo chegar a 50 se os dados de inflação continuarem suaves. Para que o movimento não aconteça, seria necessário surgir algo bem fora do previsto. O nome de Jerome Powell, presidente do Fed, ganha certa atenção. A expectativa dos mercados é que, mesmo se houver mudanças políticas, ele não será afastado de imediato, mas pode acabar sendo alvo de críticas caso a economia sofra retrocessos.
O dólar e a mudança de percepção sobre ativos americanos
Um detalhe fundamental no radar de grandes fundos: a antiga lógica de correlação inversa entre ativos americanos e dólar se quebrou. Agora, mesmo em momentos turbulentos, estrangeiros tendem a repatriar recursos para mercados locais em vez de correr para os EUA. Isso já influencia o posicionamento de grandes fundos de pensão na Alemanha e Canadá, levando outros países a responderem com políticas fiscais e investimentos em infraestrutura adaptados à nova realidade.
Boom de IA e efeitos colaterais
Os investimentos em inteligência artificial dispararam. O CapEx saltou de 9% para 11% do PIB americano em pouquíssimos anos, batendo recordes históricos. Esse movimento tem sustentado boa parte do otimismo na bolsa e as expectativas por aumentos de performance, mas nem tudo é tão certo quanto parece.
Se o retorno da IA não vier, o tombo pode ser grande
Veja o exemplo: só ativos como Nvidia e criptomoedas acumularam ganhos de seis trilhões de dólares em valor nesses últimos dois anos. É muita coisa, considerando que isso só fica abaixo do PIB dos próprios EUA e da China.
Se o ritmo não se mantiver, ou se a IA for “menos incrível” do que parece, haverá correções expressivas. Consumo recua, empresas perdem capitalização e o ciclo econômico pode até virar.
Dívida pública: o fantasma silencioso
Os EUA continuam ampliando seus déficits, assim como Inglaterra e França. Gasta-se mais do que se arrecada, algo entre 6% e 8% do PIB por ano. Um pouco como aquelas festas longas em que só no dia seguinte você percebe o estrago, a metáfora da dose de tequila parece apropriada. Com a diferença de que alguns países, como a França, não podem simplesmente emitir moeda à vontade para cobrir os rombos. O ambiente político por lá é instável, o que faz com que o país esteja mais frágil em caso de choque na dívida pública da OCDE. Paradoxalmente, isso pode até reforçar a demanda por títulos do Tesouro dos EUA, já que o fluxo se direciona para ativos considerados seguros, mesmo com seus próprios desafios.
A China, produção em excesso e dólar de Hong Kong
Desde o embargo americano aos semicondutores em 2018, a China redirecionou seus recursos para fortalecer a indústria, deixando um pouco de lado o setor imobiliário e o consumo. Isso gerou um excedente produtivo que está sendo exportado, principalmente para países menos desenvolvidos, financiando essas operações via dólar de Hong Kong (em vez de renminbi), buscando evitar pressões sobre o ouro e bolhas nesse mercado.
Apesar de fundamentos razoáveis, preços atrativos e apoio do governo, poucos investidores estão apostando no bull market das ações chinesas. As taxas de juros por lá, em especial em Hong Kong, estão bem abaixo das americanas, reflexo desse excesso de liquidez circulando nessas operações.
Oportunidades em mercados emergentes e Brasil
O atual cenário abre portas para oportunidades em mercados emergentes, com destaque para a América Latina. O Brasil, por exemplo, oferece títulos atrelados à inflação com retornos reais de 7,5% a 8% e juros nominais até 14%, enquanto a inflação segue perto de 5% a 5,5%. Analistas apontam que os juros locais tendem a cair em breve, o que pode atrair ainda mais fluxos de capital, claro, desde que não haja novo choque energético, já que esse tema segue como o maior risco global.
Fique atento a hedge energético para não ser surpreendido
A experiência do Invista Já mostra que aplicar proteção contra volatilidade de energia pode fazer diferença relevante em portfólios focados em emergentes.
Conclusão
Tarifas e energia não são só detalhes técnicos. Elas mudam a lógica do mercado, mexem com custos e oportunidades. O mundo dos investimentos está mais incerto, com grandes riscos, mas também com enormes possibilidades para quem está bem informado. No Invista Já, acreditamos que informação, tecnologia e estratégia algorítmica fazem toda a diferença. Conheça nossa abordagem de algotrading e descubra como inteligência pode transformar sua forma de investir.
Perguntas frequentes
O que são tarifas globais de energia?
Tarifas globais de energia são impostos ou taxas aplicados sobre a importação ou exportação de recursos energéticos e produtos relacionados, como petróleo, gás e eletricidade. Elas visam proteger mercados locais, regular o comércio e, muitas vezes, podem afetar diretamente os preços e a disponibilidade de energia para consumidores e empresas.
Como tarifas afetam investimentos internacionais?
Tarifas aumentam o custo dos bens importados, o que reduz margens, dificulta previsibilidade e pode até adiar ou cancelar projetos, principalmente em setores que dependem de materiais importados. Isso impacta tanto a rentabilidade quanto a estratégia de investidores internacionais, tornando análise de risco ainda mais relevante.
Vale a pena investir com tarifas altas?
Investir com tarifas altas implica assumir riscos adicionais. É possível encontrar boas oportunidades, especialmente em mercados emergentes com retornos ainda atrativos, mas é necessário redobrar atenção a variáveis como volatilidade de custos e possíveis choques de oferta, em especial no setor de energia.
Onde encontrar informações sobre tarifas energéticas?
Informações sobre tarifas energéticas podem ser acompanhadas em órgãos oficiais, câmaras de comércio, relatórios de associações setoriais e veículos de análise econômica confiáveis. O Invista Já também monitora essas tendências de perto como parte de suas estratégias, trazendo insights relevantes para seus clientes.
Quais países têm energia mais barata?
Países como China, partes dos Estados Unidos e algumas regiões do Oriente Médio costumam apresentar energia a preços muito competitivos, tanto por oferta interna abundante quanto por políticas de subsídio ou investimentos em infraestrutura. Mesmo assim, a tendência mundial pode mudar conforme demanda global cresce, principalmente em mercados emergentes.
