Escutar Nicolas Dujovne é viajar pela história recente dos mercados emergentes, mas com um olhar especialmente marcado pela experiência argentina. Não é todo dia que encontrei um economista que viveu o turbilhão cambial desde pequeno, viu a hiperinflação pelo retrovisor do próprio lar e decidiu, como ele mesmo conta, largar a ideia de direito para se abraçar à economia, justamente porque, em sua infância nos anos 70 e 80, “volatilidade” era rotina. Essa inquietação, segundo ele, moveu a carreira no setor público até o comando da Fazenda argentina entre 2017 e 2019, além de ser hoje CIO da Tenac Asset Management, onde coloca em prática sua visão de políticas públicas e investimentos válidas para toda uma geração de investidores atentos a mercados emergentes.
É dessa mistura de história pessoal, macroeconomia clássica e realismo crônico que trago as 12 lições mais valiosas que observei nas falas e textos de Dujovne. Se você pensa em atuar (ou já atua) em mercados emergentes, seja manualmente ou utilizando robôs inovadores e estratégias quantitativas como as do Invista Já, vale tomar nota. São aprendizados preciosos, que não negam desafios, mas apontam onde estão os verdadeiros riscos e, sobretudo, oportunidades.
As raízes argentinas de uma visão inquieta
Dujovne cresceu imerso num ambiente de trocas múltiplas, inflação galopante e governos que mudavam regras numa velocidade quase diária. O que para muitos poderia provocar trauma, nele acendeu a curiosidade. Lembro de suas entrevistas, onde explica que essa inflexão pessoal aconteceu no início da década de 1980. Ficava claro para ele que o destino de muitas famílias dependia menos do esforço individual do que dos rumos da política econômica nacional. Desde então, trocou a promessa de estabilidade do direito pelo estudo profundo dos fundamentos macroeconômicos.
Na prática, isso significa que sua leitura dos mercados tem raízes no reconhecimento de que, em países como Argentina, instabilidade não é acidente. É parte das regras do jogo – e identificar padrões dentro do caos tornou-se sua “vantagem competitiva”.

O crescimento do estado e o buraco fiscal
Para entender a Argentina dos anos 2000 em diante, ele mostra com números que o tamanho do governo saltou de cerca de 25% para 42% do PIB, enquanto países de renda média seguiam padrão muito inferior. Esse inchaço produziu déficits estruturais cobertos, num primeiro momento, por reservas – depois, endividamento – e, por último, pela emissão sem freios de moeda. A consequência? Uma inflação de 211% ao ano em 2023, segundo dados do Banco Central da República Argentina. E, nas palavras de Dujovne, risco concreto de hiperinflação, se o ajuste fiscal real não acontecer com pacto político verdadeiro.
Essa é uma primeira grande lição: não existe solução monetária mágica sem um ajuste fiscal que seja aceito por ampla coalizão política. Apenas cortar despesas não basta se a sociedade não bancar o custo social e político dessa decisão.
Os desafios do ajuste fiscal na prática
Quando penso no tempo que Dujovne comandou a Fazenda da Argentina, vejo que o ajuste fiscal era especialmente cruel. Durante o governo Macri, só 15% do custo de energia elétrica era coberto pelas famílias e número semelhante no setor de água; só 5% das tarifas ferroviárias cobriam os custos de transporte. Isso exigiu ajustes de tarifas pesados. O resultado? Correção de preços, inflação ainda maior no curto prazo e muita contestação política.
Sem preço justo, há sempre ilusão temporária e crise permanente.
O ciclo se repete: medidas certas, mas os eleitores, em poucos anos, raramente percebem os benefícios. O medo do retorno do populismo faz o privado recuar: o risco político impede o investimento de longo prazo. Componente esse que investidores, como os do Invista Já, precisam monitorar em qualquer análise de risco.
A questão da dolarização e suas armadilhas
Voltando à famosa discussão argentina sobre dolarizar ou não a economia, Dujovne é claro: dolarização, para ele, é pouco provável e cheia de riscos. O país não possui reservas para converter toda a base de pesos por dólares, tampouco para bancar uma dívida massiva em moeda forte. Pior: dolarizar sem resolver a política só troca inflação por outro tipo de trauma – congelamento de depósitos, defaults. Solução mágica não existe.
Esse ceticismo é um alerta importante para qualquer investidor tentado por atalhos ou soluções apelativas em mercados instáveis.Já vi investidores buscarem sistemas automáticos e estratégias altamente sofisticadas, como as ofertadas no Invista Já, mas é sempre bom lembrar: tecnologia e matemática são aliadas, mas não substituem a leitura política e social do momento.
O aprendizado único de quem esteve “dentro”
O que me chama a atenção é como Dujovne sempre ressalta: ninguém entende tanto o dilema dos governantes quanto alguém que já esteve do outro lado da mesa. Ao comandar a Fazenda, diz ele, percebe-se como políticas sensatas esbarram, todo dia, no curto-pracismo político. Ganha-se empatia e, ao voltar ao setor privado, fica impossível ignorar como decisões dependem, muitas vezes, do humor de instituições multilaterais como o FMI. O investidor atento precisa saber avaliar se as metas são factíveis – e qual a margem de manobra verdadeira de cada governo.
Por que os mercados emergentes mudaram?
Pode parecer estranho, mas, apesar dos choques e crises, boa parte dos mercados emergentes ficou mais estável nas últimas décadas. Nas minhas leituras recentes, vejo Dujovne apontar três fatores principais:
- Menor desalinhamento cambial, pois passaram a emitir dívida em moeda local.
- Adoção do câmbio flutuante, que cria proteção contra choques externos.
- Aumento da independência dos bancos centrais, como ficou claro em exemplos de Brasil, México e Peru (dados recentes do Banco Central do Brasil mostram isso).

Hoje, a mediana dívida/PIB nos emergentes está na faixa de 55% a 60%, como ressalta o FMI. Bem menor que os mais de 100% dos países ricos.
A credibilidade melhorou, mas nunca é linha reta: há avanços e retrocessos, país a país. Cabe ao investidor acompanhar a evolução das instituições locais, e robôs e modelos quantitativos são aliados para captar essas mudanças antes do consenso, tema que discuto em detalhes no Invista Já.
A globalização no espelho: tensões e incertezas
Vivemos um tempo estranho: a globalização parece recuar. As tensões políticas e econômicas, impulsionadas, por exemplo, pela guerra comercial EUA-China e, mais adiante, pelo COVID-19, levaram países ricos a buscar mais segurança nas cadeias produtivas. Incentivos ao nacionalismo e reindustrialização cresceram, mostram dados da CEPAL. Até o capital estrangeiro hesita: incertezas sobre regras, sanções e acordos mudam o apetite dos investidores em relação aos emergentes.
Essa reversão traz oportunidades e obstáculos. Por um lado, aumenta a demanda por alguns produtos locais e reforça a importância de cadeias internas. Por outro, afeta decisões de alocação de capital, já que o cenário internacional ficou mais disperso, o que é um convite à análise quantitativa e automação de estratégias, como apresento em textos sobre automação no mercado financeiro.
A conjuntura dos EUA e seu peso global
Boa parte da minha avaliação, e das preocupações de Dujovne, passa pelo quadro norte-americano. Após o choque da COVID-19, a recuperação da inflação foi lenta, tanto que até agora os juros reais nos EUA estão acima de 4%, como alerta o Federal Reserve. Pior: o estímulo fiscal e monetário, segundo Dujovne, foi além da conta, inflando déficits e forçando uma dívida pública que só aumenta.
O risco de dominância fiscal? Ainda está no horizonte, pois os EUA, por serem centro do sistema, conseguem financiar seus déficits por mais tempo. Mas sem ajuste, a relação dívida/PIB dispara nos próximos anos, e alternância entre partidos sem compromisso real de ajuste fiscal só aumenta a incerteza. Isso afeta, direta e indiretamente, os mercados emergentes.
Se o dólar perde até um pouco do seu status como reserva – seja por perda de confiança no Fed, seja por sanções recentes (como bem ilustrado pela reorientação da China para o ouro) – o impacto é global. Não é fim do dólar, mas o prêmio de segurança pode cair, mudando os fluxos financeiros para emergentes.
O vento demográfico ainda sopra a favor?
Aqui, vejo que Dujovne aposta no crescimento dos emergentes por motivos que vão além da política: questão demográfica. Enquanto países ricos envelhecem rápido, muitos emergentes ainda têm população jovem e crescendo, especialmente na Índia, partes da África e América Latina. Esse quadro estimula setores como construção civil, habitação e educação, além de estimular consumo.
Demografia é destino – pelo menos até certo ponto.
Essas tendências não ignoram problemas crônicos, mas ajudam a entender por que países emergentes podem surpreender investidores daqui para frente.
Tecnologia: progresso cautelosamente otimista
Dujovne demonstra otimismo moderado quanto à tecnologia, inclusive aplicações como IA e automação financeira. Ele acredita que saltos de produtividade aumentarão a prosperidade, mas seus frutos são difusos e costumam aparecer em ondas e setores específicos ao longo do tempo. Ainda assim, vejo que a adoção de sistemas avançados, como o Invista Já propõe com algotrading, pode dar ao investidor uma vantagem temporária até que inovações fiquem públicas.
Como vemos em artigos sobre machine learning em finanças, essas tecnologias mudam a análise de risco, aumentam a velocidade de resposta e trazem mais dados para a tomada de decisão. Mas Dujovne alerta: não basta automatizar, é preciso entender o contexto macro de cada país.
O caminho evolutivo dos emergentes
Assistir à ascensão da China foi como ver uma economia galgar cada etapa da escada produtiva: da indústria de baixo valor para tecnologia, pesquisa, consumo. É o modelo, segundo Dujovne, que outros buscam reproduzir: Chile tem feito isso com mineração e serviços, México com indústria de exportação, assim como o Brasil em setores agrícolas e de serviços. O ciclo é típico: um país cresce, diversifica, e seu setor de serviços se fortalece gradualmente – um pulo importante para reduzir volatilidade econômica.
Mesmo assim, o papel das commodities nunca desaparece completamente. Temas como mercado internacional de matérias-primas seguirão presentes nas discussões sobre riscos e oportunidades em emergentes.

Liquidez, não rótulo: como investir de modo realista?
Uma das lições que mais ficou em mim das falas de Dujovne: não faz sentido separar emergentes em “frontier” e “não-frontier” por classificação formal – o que importa, mesmo, é liquidez do mercado e possibilidade de entrada e saída sem afetar preços. O Egito, por exemplo, classificado como “frontier”, já oferece liquidez razoável e bom retorno para investidores qualificados.
No fundo, quanto maior a maturidade financeira de um país, menor sua volatilidade. Mas as melhores oportunidades, diz Dujovne, estão nos países que ainda estão no processo de estabilização – aqueles que estão “fazendo a lição de casa” mas ainda não foram premiados pelo mercado. Para quem aposta a longo prazo, identificar esse timing é arte e ciência, como mostro detalhadamente nos conteúdos de análise quantitativa.
Bolsa de emergentes: valor oculto à vista?
Um ponto pouco debatido, mas crucial: as bolsas dos emergentes ainda estão subavaliadas quando comparadas às dos EUA. O curioso é que, mesmo após anos de crescimento das exportações e maiores termos de troca (commodities em alta), e mesmo com lucros recordes em setores-chave, os valuations seguem comprimidos. Para mim, isso significa que existe um valor oculto e que, com atenção e tecnologia, temos como explorar essas assimetrias nos próximos anos. Concordo com Dujovne quando destaca que os próximos três anos serão decisivos para capturar esse ciclo.
A diversificação geográfica ajuda, claro. Mas, seja você usuário de modelos quantitativos do Invista Já ou investidor tradicional, não pode ignorar: ainda há grande dependência das commodities, tanto para sustentar exportações quanto para dar base a moedas locais. O ciclo de commodities segue como elemento chave da tese de investimento nos emergentes.
Energia: de fósseis a renováveis – mas com tempo
Outro tópico que gosto de ver nas análises do Dujovne diz respeito à energia. O consumo de petróleo nos emergentes acompanha de perto o crescimento populacional e do PIB. Apesar do avanço recente de renováveis, ele argumenta que a transição será lenta e que, por pelo menos duas décadas, as energias fósseis vão sustentar boa parte do desenvolvimento dos emergentes. Isso dá tempo para adaptação, e pode transformar o setor energético dos emergentes em celeiro de oportunidades – e riscos temporários, claro.

Não estou sugerindo aposta cega em petróleo ou renováveis. O ponto é: a leitura correta de ciclos energéticos, aliada a pesquisa macroeconômica clássica e ferramentas quantitativas, abre espaço para investimentos táticos bem fundamentados.
O conselho eterno: estude sempre os clássicos
Por fim, talvez a lição mais importante que ouvi de Dujovne, tanto para iniciantes quanto para veteranos em mercados emergentes: estudar os grandes livros de macroeconomia internacional. Autores como Rudi Dornbusch, Stanley Fischer, Maurice Obstfeld, Ken Rogoff, Carmen Reinhart e Guillermo Calvo oferecem fundações teóricas e relatos de crises que permanecem atuais em qualquer continente. Quando aliado a plataformas como o Invista Já, esse conhecimento permite unir teoria, tecnologia e leitura do ambiente local – o verdadeiro tripé do sucesso.
Resumidamente, as 12 lições que extraio da trajetória e pensamento de Dujovne para investidores em mercados emergentes são:
- Conheça a história e volatilidade dos mercados locais.
- Mantenha atenção máxima ao tamanho e dinâmica do setor público.
- Busque consenso político real para soluções fiscais.
- Ajustes de preços e tarifas são inevitáveis, mas politicamente difíceis.
- O risco político é tão relevante quanto o risco econômico.
- Evite soluções mágicas como dolarização sem base sólida.
- Experiência política transforma a visão do investidor.
- Credibilidade e independência institucional são ativos raros.
- Liquidez real importa mais do que classificação formal.
- Oportunidades surgem na transição e estabilização macroeconômica.
- Commodities e energia ditam ciclos e premiam quem entende timing.
- Estudo clássico e tecnologia moderna maximizam retorno e reduzem risco.
Em cada uma delas, vejo um convite à reflexão quase artesanal – juntar análise econômica de base sólida, experiência prática (principalmente para quem já faz uso de robôs e algoritmos no Invista Já) e muita disciplina para esperar o momento de entrar e sair.
Se você busca retorno aliando ciência, experiência internacional e tecnologia de ponta, os aprendizados de Dujovne são indispensáveis. E, claro, plataformas como o Invista Já estão aqui para guiar você nessa jornada, seja na automação, diversificação ou aprofundamento dos estudos. Afinal, em mercados emergentes, só vence quem pensa além do óbvio.
Conclusão
No fim das contas, estudar a trajetória e as ideias de Nicolas Dujovne ensinou-me que investir em mercados emergentes exige mais do que fórmulas prontas. É preciso analisar de forma integrada o cenário político, fiscal, macroeconômico e tecnológico. Só assim, aliando teoria clássica, leitura de conjuntura real e técnicas modernas como as do Invista Já, é possível capturar os melhores ciclos e evitar armadilhas típicas do curto-prazo. Convido você a descobrir mais, testar soluções inovadoras e aprofundar seus conhecimentos. Comece pelo Invista Já – onde tecnologia e inteligência estratégica andam juntas para você investir melhor.
Perguntas frequentes
O que são mercados emergentes?
Mercados emergentes são países ou regiões em desenvolvimento econômico cujos mercados financeiros estão em crescimento, mas ainda não atingiram o patamar de maturidade dos chamados mercados desenvolvidos. Eles apresentam oportunidades devido à expansão potencial, volatilidade maior e, muitas vezes, condições políticas e econômicas que mudam com mais frequência.
Como investir em mercados emergentes?
Para investir em mercados emergentes, você pode usar fundos mútuos, ETFs, ações e títulos desses países, sempre considerando liquidez e risco. Muitos investidores usam tecnologia e algoritmos, como os do Invista Já, para analisar dados, automatizar operações e diversificar de forma inteligente.
Vale a pena investir em mercados emergentes?
Pode valer a pena, desde que se entenda o risco, o contexto macroeconômico local e se adotem ferramentas adequadas de análise e gestão. Os retornos podem ser mais altos do que em mercados desenvolvidos, principalmente nos momentos de estabilização ou crescimento acentuado. Porém, o investidor deve estar preparado para volatilidade e mudanças rápidas de cenário.
Quais os riscos de mercados emergentes?
Os principais riscos são volatilidade cambial, instabilidade política, mudanças repentinas de política econômica, dependência de commodities e, em alguns casos, baixa liquidez. O risco político pode ser até mais decisivo que o risco puramente econômico. Por isso, é fundamental acompanhar o contexto local e usar estratégias de gerenciamento de risco – tema aprofundado em artigos sobre gerenciamento de risco no algotrading.
Quem é Nicolas Dujovne?
Nicolas Dujovne foi ministro da Fazenda da Argentina entre 2017 e 2019, economista com vasta experiência em políticas públicas e mercados financeiros, e atualmente é CIO e fundador da Tenac Asset Management. Ele ficou conhecido por seu diagnóstico rigoroso dos desafios argentinos e por suas análises profundas sobre oportunidades e riscos em mercados emergentes.
